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Foto do escritorCláudia Rolim

Corte Seco faz nova temporada na Embaixada Cultural, em São Paulo

Os impactos e consequências do abuso infantil pelo resto da vida de uma criança é o ponto central de Corte Seco, com texto de Marcelo Oriani e direção de Claudia Schapira, que faz nova temporada na Embaixada Cultural, em São Paulo, de 28 a 30 de novembro. 


Fotos de Sérgio Silva



O espetáculo, que teve provocação cênica de Eliana Monteiro, traz no elenco Camila Fernandes, Nanddà Oliveira e Raquel Domingues. O texto foi contemplado pelo Prêmio Carlos Carvalho de Dramaturgia (2022) e ganhou menção honrosa no V Prêmio Ufes de Literatura (2023). E a temporada é realizada com recursos do ProAC 01/23 – Produção de Espetáculos Inéditos.


Corte Seco conta a história da cantora Poliana, que, depois de sofrer um acidente de carro, entra em coma e passa a recordar o abuso que sofreu pelo pai aos 7 anos. Nesse estado onírico do inconsciente, o presente, o passado e o futuro da cantora se enredam, enquanto ela passa sua memória a limpo. 



A peça narra essa trama de maneira não-linear, com cenas que acontecem ao mesmo tempo em espaços e tempos distintos. “A dramaturgia proposta por Marcelo é uma cena polifônica, onde diversas personagens falam na cabeça da voz central. Ela é constituída por uma sequência de perguntas e afirmações, além de diferentes situações que sugerem lugares, acontecimentos e estados. E isso inspirou uma cena vertiginosa, um revezamento dessas vozes num jogo de narração, onde as atrizes comandam a  ação.”, explica Claudia Schapira.


A dramaturgia é toda fragmentada, de modo que o público precisa completar à sua maneira as lacunas que ficaram na história. “Como a questão do abuso ainda não é uma questão resolvida socialmente, não faria sentido, para mim, resolver essa questão ficcionalmente. E essa fragmentação também se dá porque a narrativa utiliza o processo cinematográfico do corte seco – que é usado numa sequência de cenas que podem ou não acontecer ao mesmo tempo, mas em lugares distintos. Isso causa três efeitos: 1) deslocamentos temporais na cronologia da narrativa; 2) aumento de tensão da cena; 3) mudança dos pontos de vista sobre a narrativa”, revela o autor Marcelo Oriani.


Já a encenação tem forte influência do teatro hip-hop. “Venho trabalhando essa estética nos últimos 25 anos. A ‘palavra falada’ comanda a construção da cena a partir do ritmo que a própria palavra suscita criando nuances e camadas de significados. A poesia, o ritmo e a métrica narram. Essa dinâmica materializa, a partir da palavra falada, esses corpos no espaço. A palavra é corpo neste espetáculo. E o principal desafio foi compor as diversas figuras que desfilam ao longo da narrativa e que, pela fragmentação e a velocidade da troca, não daria tempo de construir personagens com precisão. O corpo, assim como o discurso, é fragmentado, lacunar,  mas aterram essas vozes que falam pelo espaço.  Neste espetáculo o gesto é lugar, é situação, é estado, é movimento, é discurso, e, por fim, é também dança”, diz a Schapira. Luaa Gabanini construiu a narrativa corporal com muita assertividade, e assina coreografia  e a direção de movimento,  elemento vital nesta posta em cena.



A ideia é suscitar o debate sobre o efeito-causa do abuso sexual infantil, mergulhando nesse tema-tabu a partir do campo da  estética e da poética para promover um debate sério, honesto e responsável. “Sempre foi uma escolha consciente não dar voz para o abusador. O que vemos em cena são pessoas tentando lidar com o rastro que um abusador deixa na vida de alguém. E também é uma vingança poética: uma maneira de fazer esse silenciamento – que faz com que essa violência se perpetue e favoreça o abusador – se volte contra ele. E pode ser lido também como mais uma camada de denúncia justamente porque o abuso é o único crime onde a vítima se envergonha. Por isso opta pelo silenciamento, quase sempre. Porque há, historicamente, uma responsabilização da vítima. É preciso começar desresponsabilizar as vítimas pelas violências que elas sofrem”, conta o dramaturgo.


Ficha Técnica:

DIREÇÃO: Claudia Schapira

DRAMATURGIA e ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO : Marcelo Oriani


ELENCO

Camila Fernandes

Nanddà Oliveira

Raquel Domingues


LIVE-DJ: Dani Hell

PREPARAÇÃO CORPORAL E DIREÇÃO DE MOVIMENTO: Luaa Gabanini

TRILHA SONORA : Dani Nega

DESENHO DE LUZ: Rodrigo Palmieri

PREPARAÇÃO VOCAL: Sandra X

CENOGRAFIA: Juliana Fernandes

FIGURINOS: Rosângela Ribeiro

PROVOCAÇÃO CÊNICA: Eliana Monteiro

CENOTECNIA: Victor Akkas, Vinícius Ribela

ASSISTÊNCIA FIGURINOS: Neemias Villas Boas

OPERAÇÃO DE LUZ: Rafael Lopes

OPERAÇÃO DE SOM: Marcelo Oriani

HAIR STYLE: Klay Fausto

INTÉRPRETE DE LIBRAS: Adriane Macarini (Sorriso)

DESIGNER GRÁFICO: Tami Lemos

ASSESSORIA DE IMPRENSA: Douglas Picchetti e Helô Cintra (Pombo Correio)

PRODUÇÃO GERAL: Rodrigo Palmieri e Leandro Ivo (Fulano’s Produções Artísticas)

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO: Thauany Mesquita


SERVIÇO:

Embaixada Cultural

Endereço: Rua Capitão Sérvio Rodrigues Caldas, 325 - Vila Dom Pedro II (próximo ao metrô Parada Inglesa)

Capacidade: 20 lugares


Apresentações: 28, 29 e 30 de novembro, quinta a sábado, às 19h e às 21h


Duração: 65 min

Classificação: 16 anos

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