O Dia Internacional da Tireoide é lembrado em 25 de maio, quarta-feira, e a campanha de divulgação avança para a Semana Internacional de Conscientização da Tireoide, entre os dias 23 e 27 do mês. Tanta atenção dada a essa glândula se justifica: ela produz hormônios que são liberados na corrente sanguínea e levados a vários órgãos, e sua função mais importante é a regulação do metabolismo de todos sistemas do corpo humano.
Quando a tireoide adoece, o corpo padece. O especialista em Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Dr. José Higino Steck, da equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço-IOU, na Unicamp, e da Disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico Facial da Unicamp, explica que a tireoide pode ter desajuste funcional ou anatômico: O hipotireoidismo, em que ocorre falta de hormônio tireoidiano, e o hipertireoidismo, quando acontece o excesso de produção.
Crédito: Cristina Pereira
Legenda: Dr. José Higino Steck, da equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto de Otorrinolaringologia & Cirurgia de Cabeça e Pescoço-IOU, na Unicamp, e da Disciplina de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico Facial da Unicamp.
Além disso, as alterações anatômicas podem representar a presença de nódulos na tireoide. Cerca de 15% dos casos encontrados na população são diagnosticados durante exame clínico, ao apalpar do médico. Destes, em torno de 10% podem ser nódulos malignos. Esse índice pode subir quando o exame aplicado é a ultrassonografia. O câncer da tireoide é o 5o câncer mais comum em mulheres no Brasil.
A tireoide tem o formato de borboleta, está localizada no pescoço e "abraça" a traqueia. Todas as pessoas nascem e vivem com essa glândula. Ela produz os hormônios triiodotironina (T3) e a tiroxina (T4).
"Ninguém vive sem os hormônios tireoidianos, fundamentais para a regulação do metabolismo, condição essencial em todas as fases da vida: crescimento, fertilidade, reprodução, funcionamento intestinal, batimentos cardíacos, sono, raciocínio, memória, etc. Na ausência da tireoide -- ou quando ela não funciona adequadamente -- é necessária a reposição hormonal para equilíbrio do metabolismo" enfatiza o Dr. Higino. De acordo com o médico, algumas doenças da tireoide são autoimunes e outras têm causas desconhecidas.
Câncer de Tireoide
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima para esse ano 13.780 novos casos de Câncer de Tireoide no país (1.830 homens e 11.950 mulheres). A incidência é maior no sexo feminino devido a um tipo de câncer, o papilífero. Segundo o Dr. Higino, não existe uma causa definida pra essa discrepância dos índices de casos, até porque não se conhece a causa do câncer de tireoide.
O tratamento do câncer de tireoide pode ser cirurgia, terapias ablativas (ablação por radiofrequência) e, em alguns casos, a vigilância ativa, que pode ser usada em alguns casos específicos de tumor e em pacientes peculiares. "Consiste em apenas fazer seguimento, isto é, acompanhar o paciente com exames de ultrassom periódicos medindo o tamanho da lesão pra analisar se há crescimento".
Sintomas
No hipotireoidismo: alteração de humor, desânimo, distúrbio do sono, pele seca, queda de cabelo, intolerância ao frio (sente mais frio do que o normal), edema de pernas e mãos, intestino preso, etc.;
No hipertireoidismo: os sinais são opostos aos do hipotireoidismo. Podem apresentar agitação, irritabilidade, insônia, unhas quebradiças, intolerância ao calor (sente mais calor do que o normal), diarreia, taquicardia e tremor das mãos;
Os nódulos podem ser assintomáticos!
Diagnóstico
Os médicos especialistas em endocrinologia e cirurgia de cabeça e pescoço podem avaliar pacientes com nódulos de tireoide. Em geral, o endocrinologista cuida da parte clínica e o cirurgião de cabeça e pescoço faz a cirurgia ou procedimentos na glândula tireoide;
A ultrassonografia é o principal exame para avaliar nódulos de tireoide;
Os exames de sangue (dosagem de TSH e T4) avaliam a função da tireoide, mas não os nódulos.
Tratamentos
- Alterações funcionais podem ser tratadas com medicamentos e alterações anatômicas podem precisar de cirurgia ou terapias ablativas (ablação térmica ou química) e, ainda, algumas vezes, apenas seguimento.
Prevenção
- Não existe nenhuma dieta ou cuidado especial que possa impedir o aparecimento de alterações na tireoide.
IOU e a Tireoide
O Instituto de Otorrino & Cirurgia de Cabeça e Pescoço -- IOU, a ser inaugurado no primeiro semestre de 2022, vai oferecer um programa de atendimento inovador para os pacientes com nódulos de tireoide. O Dr. Higino destaca que inicia em um ambulatório específico multidisciplinar, com especialistas em Endocrinologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Um equipamento de ultrassonografia de última geração, que permite ver a imagem em tempo real, realização de biópsias e tratamentos de alguns tipos de nódulos e cistos, será usado para examinar o paciente, que receberá a atenção necessária, incluindo as cirurgias, quando indicadas.
Sobre o IOU
O Instituto de Otorrino & Cirurgia de Cabeça e Pescoço -- IOU é a reestruturação e expansão da Divisão de Otorrinolaringologia, Cabeça e Pescoço do Hospital de Clínicas da Unicamp. O IOU, que já nasce um modelo nacional, prestará atendimento ao público do Sistema Único de Saúde (SUS) encaminhado pela Cross (Central de Regulação de Vagas e Ofertas e Serviços de Saúde) e também pacientes da saúde suplementar.
O prédio do IOU, que tem quatro pavimentos e 7 mil m2 construídos, deriva de investimento de R$ 65 milhões, recurso vindo de um Termo de Ajustamento de Conduta realizado pelo Ministério do Trabalho com a Shell -- no maior acordo da história da Justiça do Trabalho quanto a indenização a trabalhadores e recuperação ao meio ambiente no município de Paulínia (SP) --, acrescidos de doações recebidas de empresas e pessoas físicas.
Sob coordenação do prof. titular da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) Dr. Agrício Crespo, o IOU será referência em atendimento especializado no país e na América Latina.
Serão oferecidos no IOU consultas médicas e não médicas, cirurgias e exames diagnósticos, entre eles ultrassonografias, endoscopias, tomografias computadorizadas e exames radiológicos, tratamento e reabilitação do câncer de cabeça e pescoço, das vias respiratórias superiores, cuidado de crianças traqueostomizadas, doenças do equilíbrio, da surdez e distúrbios da voz e deglutição.
O projeto do IOU é singular no meio acadêmico e é voltado à formação de especialistas e à educação continuada, além do desenvolvimento de pesquisas e difusão de novos conhecimentos.
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